TROPICÁLIA LIBERAL

Imagem: Cruzeiro do Sul

Passa muito longe de olhares comuns a nova equipe econômica do governo Bolsonaro, não apenas pelo discurso ideológico liberal, mas pelas medidas futuras engendradas na direção de um estado mínimo.

O novo superministro da Fazenda é PhD pela Universidade de Chicago, considerada uma referência do pensamento liberal.Sua equipe é predominantemente da mesma origem acadêmica e os que não são "Chicago boys" formam um grupo adepto da mesma orientação para a economia, preconizando a realização de reformas fiscais, concessões, vendas de ativos e enxugamento da máquina pública.

Muito embora o atual governo tenha recebido um majoritário apoio nas urnas na corrida presidencial, essa equipe passa muito longe das expectativas da maioria que votou neste governo. Equipe esta como ja dito em paragrafo anterior, formada por profissionais com praticas de mercado e pouco afeta ao assistencialismo do estado, marcado predominantemente pelos últimos 14 anos de governo.

Sua nova equipe conta com dez homens e nenhum segredo... 

Marcos Cintra para Secretaria Especial de Previdência e Receita Federal - PhD em Economia em Harvard, Marcos Cintra é professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), onde ocupa a vice-presidência desde 1997. Histórico defensor de um imposto sobre movimentações financeiras como instrumento de ampla simplificação tributária, ele faz parte da equipe de transição e, antes disso, já colaborava com Guedes na elaboração do programa de governo de Bolsonaro.

Marcos Troyjo para Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais - graduado em Ciência Política e Economia pela USP, doutor em Sociologia das Relações Internacionais pela USP, diplomata e integrante do Conselho Consultivo do Fórum Econômico Mundial, também dirige a ITTI (Iniciativa Inteligente de Tecnologia e Comércio), desenvolvida no âmbito da International Chamber of Commerce, e faz parte do corpo de especialistas do Instituto Millenium, think tank que defende o liberalismo econômico e tem Guedes como um de seus fundadores.

Salim Mattar para Secretaria Especial de Desestatização e Desimobilização - Salim Mattar chefiará a secretaria especial responsável pelas privatizações que serão feitas na gestão de Bolsonaro.Formado em Administração pela Fumec em 1976, Mattar fundou a Localiza em 1974, quando tinha 24 anos, e ocupou o cargo de diretor presidente da companhia, atualmente a maior locadora de veículos da América Latina, até maio de 2013. 

Mansueto Almeida para Secretaria do Tesouro-Técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Mansueto permanecerá no cargo de Secretário do Tesouro Nacional, que ocupa desde abril de 2018. . Ele é mestre em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e cursou doutorado em Políticas Públicas no MIT, Cambridge, mas não defendeu sua tese.

Roberto Campos Neto para o Banco Central-Diretor no Santander Brasil, Roberto Campos Neto é também responsável pela Tesouraria do banco. Antes, de 1996 a 1999, trabalhou no Banco Bozano Simonsen, que acabou sendo incorporado pelo banco espanhol.Neto do renomado economista liberal Roberto de Oliveira Campos, que foi ministro do Planejamento nos primeiros anos do regime militar, Campos Neto tem mestrado em Economia com especialização em Finanças na Universidade da Califórnia, além de mestrado em Matemática Aplicada pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia.

Joaquim Levy para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)- Joaquim Levy deixará o posto de diretor financeiro do Banco Mundial para voltar à administração pública. Com doutorado pela Universidade de Chicago, ele comandou o Ministério da Fazenda no segundo governo da ex-presidente Dilma Rousseff.Antes disso, Levy foi diretor superintendente da Bradesco Asset Management, braço do Bradesco. Ele também foi secretário da Fazenda do Estado do Rio de Janeiro no primeiro governo de Sérgio Cabral e secretário do Tesouro Nacional de 2003 a 2006, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Roberto Castello Branco para a Petrobras- Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas e com pós-doutorado pela Universidade de Chicago, Castello Branco é conhecido como um dos grandes incentivadores da atuação de Guedes no mercado financeiro.Diretor no Centro de Estudos em Crescimento e Desenvolvimento Econômico da FGV, já ocupou cargos de direção no Banco Central e na mineradora Vale, fez parte do Conselho de Administração da Petrobras e desenvolveu projetos de pesquisa na área de petróleo e gás.

Rubem Novaes para o Banco do Brasil- Rubem é PhD em Economia pela Universidade de Chicago. Professor da Fundação Getulio Vargas, já foi diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e presidente do Sebrae. É também colaborador do Instituto Liberal-RJ.

Pedro Guimarães para a Caixa Econômica Federal- Sócio-diretor do Banco Brasil Plural, Pedro Guimarães, foi responsável pela montagem da gestora de produtos estruturados do Grupo Brasil Plural tendo como foco inicial a reestruturação de empresas e a venda via mercado de capitais. PhD em Economia pela Universidade de Rochester, ele é considerado um especialista em privatizações.

Carlos von Doellinger para o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)- Ex-secretário de Finanças do Estado do Rio de Janeiro e ex-presidente do Banerj, Carlos von Doellinger tem mestrado em Economia e é pesquisador aposentado do Ipea.

Como detalhado acima, a equipe é majoritariamente formada por ex-alunos da Universidade de Chicago, escola essa de pensamento liberal que influenciou os planos de recuperação econômica do Chile e da Argentina nos anos 90, esta última, vitima do Consenso de Washington que levou o país á uma brutal recessão seguida de uma moratória mal resolvida até os dias atuais.

O Chile no entanto, a bem da verdade, teve resultados melhores  na educação, saúde e balança comercial comparados aos seus pares da America Latina.Talvez seja exatamente ele o espelho para o novo governo.

Apenas uma franca diferença entre eles que orbita no campo do programa de governo; aqui no Brasil como dito no inicio deste artigo, a cartilha liberal nem de longe passa na cabeça do eleitor que aderiu a onda Bolsonaro na reta final da campanha.

É esperar e conferir.

Por hoje é só e que Deus nos abençoe!

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