É PARA LEVAR A SÉRIO?


Esta pergunta poderia ser feita em qualquer área de atividade humana de uma sociedade quando se tem alguma suspeita de que as "regras" não estão muito claras. Neste texto me refiro aos recentes dados divulgados pelo governo em relação a desaceleração inflacionária, mais precisamente a inflação fechada em 2017.A inflação oficial do Brasil fechou em 2,95%, abaixo do piso da meta fixada pelo governo de 3%.Quem acompanha minimamente o orçamento doméstico sabe que ela é uma ficção, puxada e reconhecida pelos técnicos do Banco Central pelo grupo de alimentos e bebidas, mas...não acompanhada pelos aumentos de preços de botijão de gás (16%), planos de saúde (13,53%), creche (13,23%), gás encanado (11,04%), taxa de água e esgoto (10,52%), ensino médio particular (10,36%), energia elétrica residencial (10,35%) e gasolina (10,32%).

Aí, um colega economista de destaque na mídia lançou um "novo índice"; a inflação da população pobre...pode? É para levar a sério? Creio que seria mais didático, embora menos popular, que se explique a distorção do mecanismo de cálculo que prioriza  alimentos e bebidas.

A agência internacional de risco Standard & Poor's (S&P), que não tem nada com isso, mais preocupada em proteger sua clientela que compra o risco Brasil, tratou de colocar as coisas no lugar, passando o recado de que não é só de previdência que vive um país, e rebaixou na semana passada a nota de crédito soberano do Brasil de "BB" para "BB-". Com isso, o rating do país segue sem o selo de bom pagador, mas agora está três degraus abaixo do grau de investimento. Já a perspectiva para a nota mudou de negativa para estável.

Ouvindo alguns canais da imprensa e discursos oficiais, a impressão que fica é que agora as agências de rating tem pouca importância no cenário interno econômico...é para levar a sério?

A Moody's vem aí sinalizando rebaixamento pela situação fiscal...o fato é que o Brasil através do Banco Central esta sufocando o prêmio dos rentistas e aqui neste caso, o jogo é perigoso porque o país não tem reserva de investimento e precisa captar recursos externos...então você já deve imaginar onde vai dar isso, lembrando que o prêmio dos investidores é a Taxa de juros paga pelos papéis do Tesouro menos a Inflação(real)...Acho que encontramos aqui uma parte da essência da frase "É para levar a sério?" 

Estado de sítio


Ainda dentro do campo " É para levar a sério?", seguimos com a observação do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, que cita um episódio espantoso de corrupção generalizada no Brasil. Ele aponta para um presidente da República que foi denunciado duas vezes pelo procurador-geral da República, uma por corrupção passiva e outra por obstrução de Justiça. Há um ex-presidente da República condenado criminalmente em primeiro grau. Há um outro anterior presidente da República já denunciado perante o STF por corrupção passiva. Dois ex-chefes da Casa Civil já foram condenados, um em primeiro grau e outro já em segundo grau, por corrupção ativa e outro por corrupção passiva. Um ex-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República está preso preventivamente porque supostamente se teria encontrado em seu apartamento a bagatela de R$ 50 milhões. Dois ex-presidentes da Câmara dos Deputados encontram-se neste momento presos. Diversos governadores encontram-se neste momento respondendo a processos criminais, alguns presos.

Todos os conselheiros do Tribunal de Contas de um Estado, menos um, foram presos preventivamente por determinação do STJ. A delação premiada da Odebrecht fez menção a 415 políticos de 26 partidos, a colaboração premiada da JBS envolveu 1.829 políticos de 28 partidos. Esta é a fotografia do momento atual brasileiro. 

Por hoje é só e que DEUS nos Abençoe!

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