A MANIFESTAÇÃO DO ÓBVIO


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Do Latim OBVIUS, “evidente, o que está à vista, lugar-comum”, formado de OB-, “à frente”, mais VIA, “caminho”. Que não pode ser questionado ou discutido, axiomático, incontestável , indiscutível e irrefutável. Aqui cabe iniciar este texto qualificando etimologicamente a palavra óbvio, hoje tão presente no cenário brasileiro seja na percepção dos fatos ou na ação interposta.
 
Desde que começamos à abordar o ambiente econômico e político do país em nossos textos, já havia claras manifestações do óbvio nas análises e narrativas. Comecemos pelo que chamamos da origem do impedimento da presidência da republica , ora aprovado por maioria massacrante no senado, as contas públicas.
 
As contas públicas são resultado inconteste de uma combinação contábil de arrecadação x gastos ou despesas do Estado, seja com a manutenção do erário público ou pagamento de juros pelo serviço da dívida. Todos nós sabemos que o Estado não produz qualquer bem, seja tangível ou intangível, ele apenas transforma a arrecadação em serviços ao cidadão, mesmo que este tenha a figura de "carona", ou seja, sem capacidade de contribuição. Quando alguém gasta mais do que arrecada, é ÓBVIO que produzirá déficit ou uma necessidade de recursos suplementares para equilibrar as contas...
 
Os juros estão elevados, insuportáveis, logo desestimulam a produção o que parece ser ÓBVIO tal percepção.Como é ÓBVIO comprovar que em condições de desequilíbrio fiscal, descontrole de preços administrados torna necessário mantê-los em patamar  elevado para não perder a atratividade do investidor, que em situações como estas abordadas, ÓBVIAMENTE assume mais riscos e também é ÓBVIO esperar que eles queiram mais retorno...
 
A inflação, é ÓBVIO que é um sintoma de moeda enfraquecida pelos ÓBVEIS motivos apresentados aqui anteriormente e por um cenário de ÓBVIA incerteza...
 
Quando a economia não vai bem, independente de um processo doméstico(interno do país), as atividades produtivas recuam e a arrecadação, é ÓBVIO, recuará também produzindo um desequilíbrio...então temos um processo de desestímulo econômico que acarretará uma ÓBVIA redução nos postos de trabalho...até aqui estamos indo bem na "LÓGICA" dos processos...bem precisamos rapidamente transferir esta "LÓGICA" para o locus político, afim de entender como opera os agentes políticos e quais impactos podem ser esperados em nosso cotidiano.
 
Quando falamos em um processo de impedimento político, é OBVIO que o que está em jogo são processos de trocas, o conflito é OBVIO em todo campo da relação humana, e em  especial num ambiente em que o voto determina o grupo que domina frente ao grupo dominado. O que menos importa é o processo em si, mas sim os resultados produzidos pelas escolhas caracterizadas pelo voto.
 
O modelo político brasileiro, que permite a proporcionalidade de votos para cargos legislativos, permite ÓBVIAMENTE forças assimétricas de poder, transformando o cargo executivo ou majoritário numa "peça do  possível" dentro do parlamento, sem que estejamos ÓBVIAMENTE em um regime parlamentarista. É ÓBVIO que aqui estou falando do governo de coalizão, este que sai ou que entra ou permanece, só que sem o pecha da interinidade. Então afinal o que mudou no Brasil com este segundo processo de impeachment?
 
Na prática muito pouco ou quase nada, pela mesma situação ÓBVIA que conduziu o processo. Afinal,o impeachment não salvou o país em 1992 e não salvará em 2016. Os agentes políticos votam em bloco sem caráter individual, apenas cumprindo uma estratégia ÓBVIA de poder com objetivos ÓBVEIS de aumentar o coeficiente eleitoral e OBVIAMENTE o poder de barganha ou troca.
 
Mas uma ultima questão se permitem os senhores leitores.Por que não cassaram os direitos políticos do Presidente neste segundo processo de impeachment como esta previsto nos procedimentos rituais?
 
É ÓBVIO que segue a mesma lógica da razão do impedimento, estratégia de poder, trocas sem nenhuma conexão com o processo em si, ainda que não faltassem motivos para um julgamento mais duro sobre a ineficácia administrativa do governo deposto. Os mesmos que votaram pelo SIM, votaram pelo NÃO, e qual a lógica disto? A LÓGICA NÃO É ÓBVIA, FALTOU COMBINAR COM ELA!
 
Por hoje é só e que DEUS nos Abençoe!  
 

Comentários

  1. Pois é professor, e a população manipulada por uma mídia de massa, acreditando ser vitoriosa, como se a idéia de impedimento tivesse, realmente, surgido do povo. Agora não se dão conta de que continuamos como antes, sem rumo.

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