ELES PODEM "DESLIGAR" A INTERNET DE QUALQUER PAÍS



 
 Hartmut Glaser, do CGI.br, diz que há avanços na proposta para uma governança global da internet (Foto: Divulgação/Reinaldo Canato)
Hartmut Glaser, do CGI.br
Imagem: BBC.com.br  


Não é conspiração e nem triller de filme americano, é fato...

É muito possível que você ao olhar este artigo se pergunte...Afinal, o que aconteceu depois das denúncias de Edward Snowden? Na prática pouca coisa...para o Brasil um desconforto diplomático entre Dilma e Obama, cancelando uma visita programada em 2013...mas esta semana o secretário-executivo do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), entidade que administra a distribuição de endereços eletrônicos e zela pelo bom funcionamento da rede no país, Hartmut Glaser, colocou fogo na lona do circo e abriu especulações para lá de conspiratórias, trazendo os Estados Unidos da América ao olho do furacão.

Em uma entrevista concedida a prestigiada publicação da BBC Brasil, Glaser apontou "entrelinhas" para lá de provocativas a respeito do verdadeiro nó da comunicação internacional que a NSA e os governos envolvidos na tal espionagem trouxe ao mundo há dois anos.Segundo ele, porém, um dos resultados positivos neste caso deu ao Brasil protagonismo em uma área que tende a ganhar importância nos próximos anos: a busca pela formulação de um sistema de governança internacional da internet, ainda que esta discussão ficou relegada as entrelinhas da crise provocada pelo caso Snowden.

Pressionados pelo escândalo da NSA, os Estados Unidos concordaram em abrir mão da tutela que, desde os anos 80, exerciam sobre a chamada Corporação da Internet para Designação de Nomes e Números (ICANN), entidade que administra questões técnicas fundamentais ligadas a internet, como a distribuição de domínios. Neste último mês de junho essa transição foi um dos temas discutidos em São Paulo na iniciativa conhecida como NetMundial, encontro que contou com a presença do presidente da ICANN, Fadi Chehadé, e com o Ministro de Administração do Ciberespaço da China, Lu Wei.





          Imagem: BBC.com.br

 

Onde esta e outras questões implicam cuidados ?
 
Segundo Glaser, o problema é que hoje, tecnicamente, os Estados Unidos podem 'desligar a internet' de qualquer país, e aí , neste caso, temos um real problema diplomático. Em 1988, quando a internet passou da área militar para a acadêmica, a ICANN, uma ONG sem fins lucrativos, surgiu para administrar os nomes de domínio. Isso ocorreu justamente para que a rede pudesse sair das mãos do governo americano. Mas um cordão umbilical não foi cortado: o Departamento de Comércio ainda tem controle sobre as atividades (dessa ONG). Desde o início, havia a previsão de que essa relação deveria terminar. Em 98 e 99 se falava que em dois ou três anos já se acharia uma alternativa. Estamos em 2015 - e nada.

O escândalo deflagrado por Snowden empurrou a presidente Dilma para esse debate. Em Nova York ela anunciou que iria atuar para chegar a um acordo sobre princípios globais da internet - quase que um código de ética. O CEO da ICANN conversou com a presidente e o primeiro encontro da NetMundial foi organizado em abril de 2014 para debater o tema. Fontes seguras próximo do governo norte-americano afirmam um apavoramento das autoridades em relação ao movimento gerado pelo estrago de Snowden, envergonhando os americanos que costumavam levantar a bandeira do respeito à privacidade e dados pessoais.Até aquele momento os Estados Unidos eram os grandes heróis da internet, onde os vilões eram sempre os outros, os hackers da China, os russos etc,etc...

Os americanos anunciaram em fevereiro de 2014 que era chegada a hora de deixar a ICANN e permitir uma governança global (da internet). Hartmut Glaser agora faz parte de um grupo de 30 pessoas que está estudando a melhor forma de fazer essa transição. Há uma série de pré-requisitos e um deles é que a nova governança da rede deve ser multisetorial. Além de governo, precisa incluir empresas, acadêmicos e ONGs.  

Ele(Glaser)define a internet como uma árvore, em que no topo existem alguns computadores em que estão registrados os chamados top level domains - o que está a direita do nome de domínio. No caso do Brasil é o .br (ponto br), no da França o .fr (ponto fr), no da Alemanha o .de (ponto de). Esse código está em 13 computadores e o computador principal está nos Estados Unidos. Então, se por algum motivo eles desligarem o .br (ponto br) desse computador, todos os domínios do Brasil deixam de existir. Na prática isso quer dizer que hoje o poder de desligar a internet está nas mãos de um país e as pessoas questionam isso.Por isso países com a China e a Rússia sempre fizeram certa oposição aos Estados Unidos e quiseram participar (de um novo sistema de governança da internet). Na realidade, no ano passado os chineses aderiram a esse modelo setorial. Eles estavam querendo sair e criar uma internet própria, o que fragmentaria a rede. Em um encontro em Buenos Aires em junho passado, a Índia também aderiu a uma internet para todos trabalharem juntos. Hoje a grande expectativa é em torno da Rússia.

Nos computadores do CGI, existem 3,7 milhões de domínios do Brasil. "As minhas salas são controladas e sei quem entra, quem sai. Há um sistema de identificação com impressão digital. Mas se eu fosse mal intencionado poderia entrar e desligar seu domínio ou seu provedor", afirma enfaticamente Glaser a reportagem da BBC Brasil.


O verdadeiro nó... 

Imaginemos que a ICANN mantenha seu papel e continue atuando na governança, mas seria preciso mudar seu estatuto, sua forma de eleição e representação. Tería de cortar esse cordão umbilical com os Estados Unidos e dar autonomia para a entidade. Provavelmente ela vai precisar de um diretor da Índia, um da China e um do Brasil. Hoje você tem cinco ou seis americanos, cinco ou seis europeus(ou seja, dois terços na mão do mundo desenvolvido). E África, Ásia e América Latina ficam de fora. Existe hoje um latino-americano em um board de vinte e uma pessoas. É muito pouco. 

O compromisso da ICANN com o governo americano vai até setembro deste ano e há a expectativa de que a transição poderia ocorrer neste momento, mas muitos especialistas cravam que não será fácil , inclusive já existe uma cogitação para o adiamento de seis meses e muito possivelmente outro e mais outro...temos algo que nos é intimo, a chamada virada de mesa...conhecemos bem isto por aqui.

Bem pessoal, por hoje é só e que DEUS nos Abençoe!
 
 
 
 
 

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