A ESPERA DO FIM DO TERCEIRO TURNO

   Imagem: Tribunahoje.com
 
É de longe e notório que esta ultima eleição presidencial foi a mais acirrada e violenta do ponto de vista "desconstrução" moral entre dois candidatos. É também notório que as redes sociais foram o palanque dos candidatos e que o horário gratuito virou uma opção de mídia para o que já estava ocorrendo fora deste veículo. Não menos notório é a indignação dos derrotados e talvez a mais indigna reação daqueles que , apesar do apertado resultado, persistem em transformar o segundo turno em terceiro tuno, cujo final se deu na noite do domingo do dia 26 de outubro e resistem ao inequívoco resultado do sufrágio.
 
Verdade seja dita, e olha que ela tem sido um artigo de luxo, o terceiro turno parece ter vindo para ficar, embora o que irei considerar são os programas e sugestões apresentados antes, durante e agora, depois dos resultados. Lembro que em setembro, na EDIÇÃO Nº37, comentava uma publicação do professor da UNICAMP e colega Bruno Di Conti a respeito dos candidatos e fiz a seguinte observação sobre a então candidata a reeleição, a presidente Dilma Rousseff:
 
"As mudanças indicadas passam sobretudo por uma ênfase redobrada na questão da infraestrutura e dos bens e serviços públicos, aqui em particular nos últimos anos, se mostrou pouco eficiente e descompromissada da qualidade no que tange ao cuidado com o dinheiro público . Alguns ajustes na gestão macro são vistos como necessários, mas mais suaves do que aqueles propostos pela oposição e em particular, pelas circunstâncias do desaquecimento da indústria local com o intuito de não gerar desemprego. A essência a ser mantida é a de um modelo de crescimento econômico baseado na melhoria contínua da distribuição de renda e na inclusão dos ainda excluídos. Isto passa pela inserção de famílias no mercado de consumo de massas e a manutenção da taxa de desemprego no patamar historicamente baixo em que hoje se encontra (aqui existe uma particularidade já discutida, o tipo de emprego e o envelhecimento da população brasileira)".
 
 

Muito bem, a grita geral e a indignação frente á um cenário político-econômico visivelmente desfavorável impele a presidente Dilma á uma necessidade de passar a limpo os últimos meses de seu atual governo, e muitos colegas economistas apostam em uma mudança imediata na condução econômica. Eu penso....Será? Muitos setores não estão otimistas, até porque apostaram suas fichas no candidato derrotado e nele mesmo como uma figura "do novo" continuam apostando que será uma oposição pragmática no senado e na câmara...então o que fazer para uma aliança de condução á um novo cenário?

O colega Ricardo Amorim aponta dois caminhos que segundo ele, levam para mudanças tanto no sentido de maior intervencionismo do governo na economia quanto no sentido oposto, como a recente medida de aumento na taxa de juros parece indicar. No campo dos riscos e oportunidades ele acredita que  o novo governo precisa sinalizar um choque de confiança para o mercado. A situação política instável, com o escândalo em torno da Petrobras, e um possível regime hídrico desfavorável neste verão, apontando para um racionamento de energia em 2015, são os maiores riscos para o início do mandato de Dilma. Segundo o economista, a receita para reconquistar a confiança passa por uma política agressiva de estimulo à produção e aumento da produtividade, para recolocar o Brasil na rota do crescimento.
 
Em um seminário promovido esta semana pela ACREFI, evento que reuniu alguns dos economistas mais importantes da atualidade como, Alexandre Schwartsman(professor do INSPER e ex-diretor do Banco Central no governo tucano) , Luiz Carlos Mendonça de Barros(consultor e ex-ministro do governo tucano) , além é claro, do professor emérito e ex-ministro Antonio Delfin Netto, cujo tema tratava acerca das perspectivas econômicas do segundo mandato da então presidente Dilma Rousseff. Todos, sem exceção, durante mais de três horas disputaram a simpatia e atenção dos mais de oitocentos executivos de mercado presentes com análises, críticas e por que não dizer, provocações ao modelo político-econômico vigente.
 
O economista Alexandre Schwartsman, embora ligado ao modelo tucano e crítico feroz da atual gestão econômica, fez uma análise bem amparada nos últimos dados do IBGE comparando com a produção mundial e a eficiência da produtividade brasileira nos últimos 4 anos, onde nomeou sua apresentação como "elogio da mediocridade".
 
Outro economista a falar foi o Luiz Carlos Mendonça de Barros, contrapondo a acidez e o pessimismo de Schwartsman. Ele apontou como fez o Amorim na direção de dois caminhos para o atual governo; o de mercado voltando ao modelo macro econômico dos anos Lula, com o tripé herdado de FHC sendo novamente a referência macro para a política econômica do palácio do Planalto; ou a manutenção do mesmo soft econômico de seu primeiro mandato, priorizando a distribuição de renda via medidas administrativas e legislativas , esquecendo que as condições necessárias para que esta politica repita o sucesso dos anos Lula necessita que haja crescimento econômico real via investimentos e ganhos de produtividade.
 
Por último o professor e ex-ministro Antonio Delfin Netto que optou por uma posição pragmática de manter o câmbio competitivo e uma aproximação real do atual governo com o setor produtivo, buscando neles a saída para o crescimento desejado "bancando" as mudanças necessárias, repetindo e enfatizando que sem crescimento não há clima e nem condições para as tais mudanças.
 
Para arrematar nosso bate-papo reafirmo, sem o fim do terceiro turno não teremos governo e por consequência, mudanças.
 
Por hoje é só e que DEUS nos Abençoe! Até a próxima. 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 

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