OS DOIS LADOS DA MESMA MOEDA

O lado da agonia
 
A agonia espanhola parece não ter mesmo fim, e pela primeira vez na história recente do país mais de 25% da população está sem trabalho. Em apenas cinco anos de crise, mais de 4 milhões de pessoas perderam seus empregos e muito pior do que isto, mais de 1 milhão de famílias se encontram em uma situação crítica em que nenhum de seus membros tem hoje trabalho.Dados oficiais do  governo espanhol dão conta que o desemprego alcança 5,7 milhões de pessoas, o mais alto já registrado.
 
A origem da agonia
 
A crise eclodiu incialmente quando o setor da construção quebrou, isto porque parte das finanças de dezenas de cidades estava baseada nesses empreendimentos. O resultado foi um rombo nas contas públicas e se não bastasse, as dúvidas do mercado financeiro sobre a Espanha dificultaram a capacidade do país em se financiar captando recursos em euro ou em outros mercados fora do continente. A resposta foi o maior programa de cortes e redução de investimentos do país em sua história democrática.

Os salários foram cortados e investimentos reduzidos ao mínimo. Para se ter uma idéia do estrago, em escritórios do governo até água para beber foi cortada, assim como o uso de ar-condicionado. Para as cidades menores, a crise se transformou em um verdadeiro inferno. La Corunha decidiu suprimir todos os carros oficiais e parou de dar seguro médico aos vereadores, o que aqui em nossas cidades brasileiras não seria uma péssima idéia. Paterna, outra cidade pequena espanhola, reduziu de forma drástica o número de linhas de onibus que servem a cidade e eliminou o serviço de ambulância 24 horas. Isso tudo para ajudar a cortar o orçamento da prefeitura em 40%. Em Ontinyent, o dinheiro para limpar a cidade foi reduzido em 20%.

As consequências de uma sociedade sem pátria

Com um horizonte pouco róseo,milhares de jovens estão deixando a Espanha em busca de oportunidades de trabalho no resto da Europa e América Latina. Pela primeira vez, a busca por cursos de alemão nas escolas espanholas superou a busca pelo inglês num sinal dos esforços dos espanhois para se preparar para se mudar para a Alemanha, onde a taxa de desemprego é de 6%. Na Casa do Brasil, em Madri, o número de alunos que querem aprender português também explodiu.

Multinacionais como a gigante Unilever revelou que está preparando uma modificação em seus produtos para que possam chegar ao mercado em embalagens menores, adaptadas à renda mais baixa do consumidor de certos países europeus. A multinacional optou por reconhecer na prática o que políticos rejeitam em declarar publicamente: a pobreza está voltando no continente europeu. Jan Zijderveld, diretor europeu do grupo, revelou que começou a implementar na zona do euro uma estratégia parecida ao das vendas que realiza em mercados emergentes, principalmente na Ásia. Ou seja, reduzir o tamanho das embalagens e porções, vendendo os mesmos produtos por valores mais baixos, na busca de manter seus clientes.
 
O contágio
 
Desde 2009, trabalhadores gregos, espanhóis, portugueses e italianos viram seus salários cortados, com a redução de benefícios e o aumento de impostos. A projeção é de que, mesmo que a economia europeia volte a se estabilizar, países como a Espanha levarão pelo menos mais cinco anos para voltar a ter o mesmo nível de emprego que registravam em 2007.
 
A taxa de desemprego em Portugal manteve-se em julho nos 15,7 por cento, a segunda maior dos países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para os quais existem dados disponíveis e a da Irlanda, com 14,9 por cento.Para jovens entre os 15 aos 24 anos atingiu em Portugal os 35,5 por cento no primeiro trimestre de 2012, segundo os números mais recentes divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). O grupo com a segunda taxa de desemprego mais alta em Portugal é o dos jovens entre os 25 e os 34 anos: 17,6 por cento.
 
O lado feliz da moeda
 
A zona do euro apresenta uma divisão econômica pós-crise que separa a parte norte, onde os resultados de crescimento  são significativamente melhores, liderados por Alemanha, Aústria e Suécia; e os países do sul europeu,  que agonizam liderados por Grécia e Espanha, onde a desordem social dá o tom com desempregos que superam a casa de vinte e cinco por cento da PEA(População Economicamente Ativa).  

O "pleno emprego" austríaco
 
Em termos de desemprego, um país se destaca ainda mais do que a Alemanha. A Áustria possui uma taxa de 4,5% - a menor de toda a Europa. Um contraste enorme com a Espanha, onde um em cada quatro trabalhadores está sem emprego.Alguns economistas argumentam que o índice austríaco é tão baixo que o país pode ser considerado em situação de pleno emprego.
A empresa de construção civil Strabag - uma das maiores empregadoras do país - atua em toda a Europa. Durante a crise, o número de empregados variou em quase todos os países onde a empresa atua. No entanto, a Strabag emprega praticamente o mesmo número de pessoas há quatro anos - 10 mil.
"A Áustria não foi afetada tão fortemente pela crise. Nós ainda temos um setor de tecnologia de ponta, relativamente baixo endividamento público e um sistema fiscal que facilita o empreendedorismo. A Áustria é um porto seguro em comparação com outros países europeus", disse à BBC Brasil a porta-voz da empresa, Diana Klein.
Ela afirma que mesmo com o alto número de pessoas já empregadas no país, a empresa ainda tem espaço para novos funcionários. No momento, há uma demanda na Áustria por trabalhadores com nível universitários, como engenheiros civis e matemáticos.
Enquanto o mercado austríaco se mantém estável, em outros países há grande flutuação na força de trabalho. Países como República Checa e Hungria estão com desemprego em alta devido ao impacto da crise europeia na construção civil. Já em mercados que passam por booms imobiliários neste momento - como Polônia e Alemanha - a Strabag está recrutando novos funcionários.
 
Isto que foi relatado acima, teve ampla cobertura do correspondente do Jornal O Estado de São Paulo na espanha, o repórter Jamil Chade e a agência BBC Brasil.
 
Os dois lados da zona do euro retratam basicamente do posicionamento público (ESTADO) , na estratégia de financiar seus empregos e por consequência seu crescimento.
 
Por hoje é só, e que DEUS nos abençoe!!

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