O JUROS NO DIVÃ.

Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, afirmou que a reação da economia brasileira às medidas de estímulo como corte dos juros básicos está mais demorada do que o usual.Ele aponta para defasagem nos efeitos da política monetária.Sempre é bom lembrar que a previsão do FMI (Fundo Monetário Internacional) para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2013 é de 4,6% e para este ano espera-se 2,5% de alta.

Juros cá....Juros lá..


No velho continente, seu colega e presidente do Banco Central Europeu Mario Draghi disse que  o BCE “está pronto para fazer tudo aquilo que for necessário para preservar o euro” . Os juros sobre as obrigações da Espanha, em especial, caíram bastante, e os mercados de ações prosperaram por conta disto.Entretanto, discurso é discurso e jogo não é treino...sei lá...mas o Banco Central Europeu (BCE) manteve o juro básico da zona do euro em 0,75% e o seu presidente Mario Draghi abandonou o discurso pirotécnico da semana passada ao defender o euro e caiu na real, e mais, avisou aos navegantes que o BCE não pode assumir responsabilidades de governos locais e por fim não recomprou títulos dos países em dificuldades.

Talvez devessemos entender a real função do juros em políticas de curto e longo prazo, e aí estaremos defronte a armadilha da economia contemporânea: globalização financeira.



Vilão conhecido...

Os juros são usados como terapias de choque em curto prazo, aquecendo e desestimulando economias, quando estas apresentam anomalias econômicas que não responderiam a estímulos fiscais e estruturaris em curto prazo.Quando pensada a economia no médio e longo prazo, esta terapia de choque deve ser acompanhada com algum "protetor gástrico"(fiscal e câmbio) para produzir resultados mais duradouros e consistentes.

Contudo, o juros virou um poderoso "anabolizante econômico" para guiar ou conduzir o capital "ocioso" que busca o juros para se multiplicar, e então, todos os continentes o fizeram  o principal ator de suas economias.A globalização financeira ja discutida por autores ilustres como Chesnais, Boaventura de Sousa Santos, Mészáros e Stiglitz é sem dúvida a maior responsável por este comportamento e não parece querer de forma alguma mudar de papel na economia.Então qual será a eficiência do corte de juros neste cenário atual...muito limitado e perigoso...

Perigoso por que como uma droga causa forte dependência no fluxo de capital, o juros atrai investimento de curto prazo e é muito sensível a mudanças de cenário...

Qual o cenário alternativo na Europa e no Brasil?

Paul Krugman em um de seus artigos publicados no jornal "O Estado de São Paulo" diz que para reverter uma situação tão perigosa os governantes teriam de fazer algo para reduzir o custo do crédito no Sul da Europa e dar aos devedores europeus o mesmo tipo de oportunidade para quitar as dívidas por meio da exportação, como fez a Alemanha nos anos de prosperidade – isto é, criar na Alemanha um período de prosperidade semelhante ao período feliz vivido no Sul da Europa entre 1999 e 2007. O problema é que os governantes europeus parecem relutantes em aceitar a medida a e demonstram completa aversão à quitação de dívidas por meio de exportações.Draghi, segundo Krugman, parece ter captado todo raciocínio e sugeriu inicialmente a ideia de fazer o Banco Central Europeu comprar um grande volume de obrigações europeias para reduzir este custo do crédito, mas sucumbiu a pressão alemã.

No Brasil o reflexo da queda dos juros espirra com força nos artigos básicos e de primeira necessidade,o reflexo na inflação não é direto mas o efeito indireto pode ser mais perigoso e contaminar uma cadeia de preços importantes na nossa economia. No caso do trigo, a contaminação se dá em muitos produtos da cesta básica e com peso mais forte no IPCA, como pães, farinhas e macarrão. Quanto ao milho e a soja, além dos óleos de cozinha, eles influenciam nos preços das rações para alimentar frangos e porcos, podendo gerar repasse para o preço das carnes.

Segundo a colunista de economia do Valor Econômico Angêla Bittencourt, analistas ouvidos pelo G1 dizem que o risco para inflação está contido em 2012 e não deverá afetar o cumprimento da meta de inflação deste ano. A volta dos preços aqui vai depender da velocidade da queda dos preços lá fora.

Juros x Inflação x choque de Oferta

O que está acontecendo agora é o chamado choque de oferta, sobre o qual a política monetária não tem muito poder ou controle. Por isso, não deve mudar a trajetória de queda dos juros que vem sendo promovida pelo BC. Pelo menos não no curto prazo, já que as decisões sobre os juros agora só provocam efeito na inflação de 2013.

Será que o remédio vai matar o paciente?  Com a palavra o Juros...no Divã!

Até a próxima e que DEUS nos abençoe!!!











 

Comentários

Os MAIS LIDOS

A VOCAÇÃO MANIQUEÍSTA DA SOCIEDADE

A INDIFERENÇA FAZ A DIFERENÇA

UM BRASIL PARA BRASILEIROS