RIO+20 : UM TRIBUTO A OBRA MÁXIMA DE DANTE ALIGHIERI

A obra de Dante Alighieri

Dante Alighieri, encarna A Divina Comédia para se mostrar politicamente. Condenado à morte e exilado de sua Florença, terra que lhe serviu de berço, o poema foi todo escrito entre 1302 e 1321. Dante derrotado na luta política em Florença, tinha outros infortúnios para enfrentar, como a separação entre o poder espiritual (representado pelo papa), e o poder temporal(representado pelo imperador).

Dante defendia a monarquia como sistema de governoque o papa não tinha o direito de se intrometer nos problemas de Estado, uma atribuição exclusiva do monarca. Ao papa restava administrar o seu rebanho, o que era, por si , tarefa gigantesca. Uma outra luta de Dante, difícil de compreender hoje, era pelo fim da venda de indulgências: a Igreja vendia o perdão pelos pecados e iam para o inferno os pobres, que não podiam comprá-lo.

Por várias vezes, ao longo da Comédia, Dante condena esse comércio vil. Essas preocupações tão particulares estão contidas na Comédia, especialmente no Inferno, para onde Dante condena os que não pensavam como ele. Aliás, não se espante o neoleitor da Comédia com a intolerância de Dante: pobre, ele não perdoa aos ricos; vencido, não perdoa aos vencedores; errante, não perdoa aos estáveis. Inimigos e não-inimigos amargam a eternidade no Inferno. Humano, demasiadamente humano.

Por fim, a obra de Dante começa muito triste, no Inferno, mas chega ao ápice numa explosão de alegria e felicidade(o Paraíso) .Toda escrita em linguagem popular (em italiano), não em latim, como era praxe, Dante assim o fez pois pretendia voltar laureado a sua Florença natal. Esses elementos, por oposição, levam-no a classificar seu poema de Comédia.Neste exato parágrafo ou ponto, podemos dizer que a RIO+20 se mistura como amálgama com a obra magistral de Dante. Buscando no Purgatório e Inferno referências para a atual disposição dos recursos naturais e por conseguinte a manutenção da vida sobre a Terra, encontra também no Paraíso a solução destes problemas com uma formulação paradigmática do Desenvolvimento Sustentável.


O "evento"
O que esperar de um evento que gasta US$ 150 milhões para promovê-lo, estilo evento FIFA,confesso que poderíamos estar protegendo florestas e ecossistemas com este dinheiro jogado fora. E mais,empresas e pessoas se reuniram ao redor do centro de convenções para "vender  livros e consultoria" para ávidos consumidores capitalistas(Empresas transnacionais e Bancos), explicando em sua vasta produção intelectual as "frivolidades" preferidas para o marketing verde desta nova safra de empresas"sustentáveis".

O fracasso da RIO+20 era previsto, muita pompa, seguranças e um caráter político próprio deste tipo de evento. Afinal, política, ainda mais política democrática, é sempre imprevisível nos seus resultados, ao menos no quando e como se chega a eles. A diplomacia apostou no mínimo denominador comum, que acabou sendo um sinal abaixo do mínimo, da Eco-92 e do que era demandado pela opinião pública e as diversas vozes cidadãs do mundo. A "tal" economia verde vendida como desenvolvimento sustentável não é de consenso e nada foi aprovado a respeito. As grandes corporações festejaram a incapacidade coletiva do poder constituído de mudar de rumo na organização da economia do mundo, entretanto sobrou ao menos um troco, diante da pressão constituída pelos holofotes não podem festejar nenhum ganho, pois não lhes foi dada a liberdade para uma avassaladora nova frente de negócios sem nenhuma regulação, abarcando toda a natureza com suas biotecnologias, nanotecnologias e geoengenharia.



O fiasco 
Aprovado por 193 países , o documento final é pífio e nada de concreto foi decidido. Tudo ficou para depois, sustentabilidade,a resolução de onde virão os recursos para financiá-los e só a partir de 2015 devem ser implementados. O que a Rio 92 representou de avanço, a Rio+20 representa de retrocesso. Em 1992 foram aprovadas a Carta da Terra, a Agenda 21 e três importantes convenções: biodiversidade, desertificação e mudanças climáticas.

A Rio+20 ainda propôs aos governos, via G-77 (grupo dos países menos desenvolvidos), criar um fundo de US$ 30 bilhões para financiar iniciativas de sustentabilidade em seus países. A proposta não foi aprovada, é claro, não precisa ser muito inteligente para saber a razão que segue. Ninguém mexeu no bolso porque o G-20, no México destinou US$ 456 bilhões para tentar sanar a crise na Zona do Euro, mostrando que não falta dinheiro para salvar bancos. Já para a humanidade(que inclui os donos e controladores dos bancos) e a natureza, nem um tostão. O fato é que os governos, com raras exceções, não estão interessados em investir na sustentabilidade. Isso depende de um esforço a médio e longo prazos. E governos buscam resultados propagáveis já nas próximas eleições. A voracidade do capital venceu na Rio+20. 
"A Rio+20 repete o livro falho de falsas soluções defendido pelos mesmos atores que provocaram a crise global", afirma a declaração final da Cúpula dos Povos "contra a mercantilização da vida".
Bem, com isto REPITIMOS a DIVINA COMÉDIA HUMANA....

Que DEUS nos abençoe e até a próxima!!!

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