O NATAL NA EUROPA E OS CINCO PRESENTES GREGOS

A União Européia é aquilo que chamamos de um processo "bem nascido", com sua estrutura básica construida desde a década de 50, isto mesmo, podemos dizer que a zona do Euro já é uma senhora de mais de 60 anos, com etapas de consolidadação desta unificação á partir do Tratado de Maastricht de 1992, culminando finalmente com a implantação á partir do final de 1999.Atualmente ao lado da União Européia perfilam-se o Nafta,Mercosul,Bacia do Pacífico,Apec,Pacto Andino entre outros acordos, que não apresentam integração total de seus membros (moeda única), como o caso da UE.
  
Por isto tudo pode-se perguntar: Por que muitos analistas alertam para o fim "catastrófico" da União Européia ? Talvez uma breve leitura dos fatos desapegada de catastrofismos nos conduza á um entendimento mínimo deste processo chamado de "crise da zona do euro".


Até 1992 eram 12 países , seis fundadores desde 1951 (França , Itália, Alemanha, Bélgica, Luxemburgo, Holanda) e mais Espanha , Portugal, Grécia, Dinamarca , Irlanda , Reino Unido. A partir de 1995 seguiram sucessivos ingressos de Suécia, Finlândia e Aústria (1995), Polônia, Letônia, Lituânia, Republica Tcheca, Hungria, Eslováquia, Estônia, Eslovênia, Malta e Chipre (2004) e finalmente em 2007 o dois ultimos países, na condição de não integrante permanente (Romênia e a Bulgária) perfazendo 27 países, com uma população em torno de 460 milhões de pessoas e um PIB(Produto Interno Bruto) de aproximadamente US$ 15 Trilhões.


Esta "régua" do tempo ja denuncia uma estratégia européia de evitar um assédio do continente americano sobre os países vizinhos com menor poder de barganha , liderado pelos Estados Unidos é claro,provocando uma rápida  expansão  de seus integrantes (mais que dobrou)em 10 anos. Isto para muitos poderia soar como movimento óbvio de qualquer bloco, mas no caso europeu não, por se tratar justamente de uma união completa, complexa, envolvendo endividamento público, moeda única, política econômica e geopolítica integrada entre outras características de um processo desta envergadura.


A velocidade deste processo, tratado com cuidado até 1995 se mostrou imprudente e perigoso, ainda que os objetivos fossem inicialmente comerciais, as questões de integração econômica foram postas de lado e sucederam como sempre ocorre na história contemporânea, conflitos militares importantes nesta década, crises do sistema financeiro internacional e um processo de "separatismo" de algumas nações dominadas pela tirania e opressão que "distraíram" as decisões necessárias na manutenção de austeridade de integração de novos membros.


Para elencarmos com "lucidez" esta crise atual no continente europeu, devemos como anteriormente feito na "régua" do tempo, enumerar os eventos que conduziram esta situação:

1- Fundamentalmente por problemas fiscais como o caso da Grécia, que gastou mais dinheiro do que conseguiu arrecadar por meio de impostos nos últimos anos. Para se financiar, passou a acumular dívidas levando assim sua relação do endividamento sobre PIB  a ultrapassar significativamente o limite de 60% estabelecido no Tratado de Maastricht, de 1992. Neste caso específico da economia grega,esta razão dívida/PIB é mais que o dobro deste limite, promovendo desta forma uma desconfiança de que os governos da região teriam dificuldade para honrar suas dívidas e consequentemente levando os investidores a temer sobre a real saúde financeira destes, evitando compras de títulos públicos e privados europeus.

2- Apesar de ter um órgão responsável pela política monetária, o Banco Central Europeu (BCE) que estabelece metas de inflação e controla a emissão de euros, a União Européia não dispõe de uma instituição única que monitora e regula os gastos públicos dos 16 países-membro. Dessa maneira, demora a descobrir os desleixos governamentais e, quando isso acontece, inexistem mecanismos austeros de punição. Em 1999, os países da região encerraram um ciclo de discussões chamado Pacto de Estabilidade e Crescimento. Em resumo, as nações comprometeram-se com a questão do equilíbrio fiscal. Àquelas altamente endividadas ficou a imposição de apresentar ‘planos de convergência’ para patamares de dívida mais aceitáveis. As sanções seriam recolhimentos compulsórios e multas. Contudo, sua aplicação não seria automática, ficando na dependência de uma avaliação pelo Conselho Europeu. A política mostrou-se insuficiente para controlar os gastos públicos dos PIIGS.


3- Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha - que formam o chamado grupo dos PIIGS - são os que se encontram em posição mais delicada dentro da zona do euro, pois foram os que atuaram de forma mais indisciplinada nos gastos públicos e se endividaram excessivamente. Além de possuírem elevada relação dívida/PIB, estes países possuem pesados déficits orçamentários ante o tamanho de suas economias. Como não possuem sobras de recursos (superávit), entraram no radar da desconfiança dos investidores. Para este ano, as projeções da Economist Intelligence Unit apontam déficits/PIB de 8,5% para Portugal, 19,4% para Irlanda, 5,3% para Itália, 9,4% para Grécia e 11,5% para Espanha.


4- Um relatório elaborado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Organização Para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a pedido da presidência do G20, aponta que, em setembro, o mundo contabilizava 200 milhões de desempregados – o maior índice registrado durante a crise. O dado mais preocupante, porém, é em relação ao futuro. Caso as taxas de crescimento do emprego continuem no nível atual de 1%, não será possível recuperar os postos de trabalho perdidos desde o início da crise econômica mundial, em 2008.


5-  Cerca de 55% do aumento do desemprego mundial entre 2007 e 2010 deu-se na região que a OIT denomina de Economias Desenvolvidas da União Europeia (UE) e que apenas representa 15% da população ativa mundial.Na Europa Central, Sudeste da Europa e antigos Estados Soviéticos, o desemprego diminuiu para 9,6%, depois de ter atingido o seu nível mais alto – 10,4% – em 2009, a taxa regional mais elevada do mundo.


Estas cinco contextualizações do momento europeu dimensionam o tamanho do "abacaxi" que eles deverão descascar nos próximos meses, entretanto penso novamente ser exagerados os catastrofismos a seu respeito.Ainda que a senhora de 60 anos não goze mais de plena saúde juvenil, sobreviverá como todos os recem chegados a sexagenaria parte de vida com um bom acompanhamento médico e alguns medicamentos de uso contínuo para proteger a longevidade.

Uma boa semana a todos e que DEUS nos abençoe! 



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